Por
Dr. Marcio Rogério Renzo
A saúde
ocupacional é uma preocupação constante para o empresário e para o trabalhador,
mas nem sempre foi assim. No dia 7 de abril é comemorado o Dia Mundial da
Saúde e no dia 28 o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e
Doenças do Trabalho. Partindo dessas duas importantes datas, por iniciativa
popular, o mês de abril foi escolhido para conscientizar as pessoas quanto aos
riscos ocupacionais denominando Campanha Abril Verde.
Os números de
acidentes ou doentes relacionados ao trabalho é assustador. A cada minuto uma
pessoa se acidenta no desenvolver das suas funções. A Previdência Social
registrou, em 2018, 576.951 acidentes de trabalho. É importante esclarecer que
estes números são apenas dos funcionários que possuem registro formal. Se juntarmos
esses números aos trabalhadores informais e autônomos estes números podem ser
até sete vezes maior, chegando aos 4 milhões de registros todos os anos. Para
visualizarmos esse problema, a pandemia da COVID-19 na Itália, que foi um dos
países mais afetados pelo coronavírus, seria como se os acidentes de trabalho
tivessem uma infecção cinco vezes maior que o vírus.
As despesas são
astronômicas também, podendo superar, segundo estudo realizado pelo professor e
pesquisador José Pastore da Universidade de São Paulo, os 70 bilhões de reais ao
ano. Oficialmente a Previdência Social desembolsou somente no ano de 2018 cerca
de 12 bilhões de reais.
Quando a Fisioterapia passou
a perceber esses problemas?
Desde o final
do século XIX, com a observação do aumento de profissionais que sofriam algum
tipo de afastamento de suas funções laborais ou desenvolviam alguma sequela
relacionada com doenças ocupacionais. O fisioterapeuta começou a tratar e a
observar estes problemas relacionando-os à saúde ocupacional. Porém somente em
1998 a Associação Brasileira de Fisioterapia do Trabalho (ABRAFIT) criou normas
para guiar o profissional e em 2003 a Fisioterapia do Trabalho foi
regulamentada e oficializada como curso de especialização.
Com a chegada
da pandemia da COVID-19 e o aumento do trabalho remoto (home-office)
temos observado um número crescente de queixas de dores nas costas, pescoço,
punhos, etc. Essas queixas fizeram acender uma luz amarela e me motivaram a
escrever este artigo a fim de orientar os leitores.
Como a fisioterapia ajuda à
Empresa?
O
fisioterapeuta do trabalho e/ou ergonomista tem como principal objetivo
melhorar a saúde e qualidade de vida do colaborador dentro e fora da empresa,
uma vez que um colaborador feliz, faz uma empresa feliz e lucrativa.
Portanto, não
será um gasto que a empresa terá ao implantar uma política de cultura
de saúde e sim um investimento, com retorno garantido!
Dentre as
atividades que o fisioterapeuta pode desenvolver no ambiente empresarial
voltados à segurança laboral, temos: programas de terapia laboral, individual e
em grupo; análise de ambientes visando a prevenir desconfortos e queixas
relacionadas ao trabalho executado, juntamente com os profissionais de Saúde
Ocupacional; promoção palestras de conscientização; aplicação de programas de
ginástica laboral; realização e acompanhamento do tratamento de doenças
ocupacionais e por fim, assessoramento em problemas judiciais ligadas à DORT/LER
(Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho/Lesão por Esforço
Repetitivo).
Como a Empresa pode se
beneficiar com a presença do fisioterapeuta?
Os ganhos para
a empresa são imensos, tanto financeiro, como institucional e social. Podemos
dizer que o aumento da produtividade, a redução no número de afastamentos, a
melhora no ambiente de trabalho é imediatamente percebida, além da diminuição
do absenteísmo de colaboradores e a melhora da imagem da empresa perante a
sociedade são ganhos que podem ser aferidos a médio e longo-prazos.
Quais são os benefícios
para o colaborador/trabalhador?
Os benefícios
percebidos pelo colaborador fisicamente são muitos, como: ganho de eficiência
na realização de suas atividades no trabalho; redução na sensação de cansaço; previne
e trata as doenças ocupacionais; melhora da postura e da mobilidade; aumento de
força, ritmo, resistência e coordenação motora; melhora na saúde e qualidade de
vida; aumento na sensação de bem-estar e disposição para o trabalho, além de
prevenir o sedentarismo.
Psicologicamente,
os ganhos também são grandes, pois previne a depressão, ansiedade e estresse,
diminuição da tensão, melhora na autoestima, aumenta a motivação para o
trabalho rotineiro, melhora da concentração e focos nas atividades, reduzindo
os riscos de acidentes.
Como a fisioterapia age
dentro da empresa?
A Ergonomia é o
estudo que visa adaptar o ambiente de trabalho ao homem, de forma a melhorar
seu rendimento e minimizar os riscos de acidentes ou doenças ocupacionais. Este
estudo observa três vertentes: a ambiental, a organizacional e os técnicos.
No ambiente de
trabalho são aferidas: a temperatura, a iluminação, intensidade dos ruídos e a qualidade
do ar.
Na parte
organizacional é analisado: o ritmo de trabalho, quantidade e duração das
pausas e a divisão de tarefas.
Os aspectos
técnicos observados são: o layout, o mobiliário, máquinas e equipamentos.
Outra atividade
que pode ser implementada pela fisioterapia é o programa de GINÁSTICA
LABORAL. Esta atividade é importantíssima pois visa a desenvolver
exercícios físicos voltados à atividade laboral que o colaborador executa, no
próprio posto de trabalho, prevenindo e preparando a musculatura para os movimentos
que serão feitos, desta forma evitando lesões ao mesmo tempo que trata as já
existentes.
Mas como eu, colaborador ou
trabalhador doméstico, percebo se estou com problemas e posso desenvolver
alguma doença ocupacional?
É importante
estar atento a sintomas como: dores de cabeça, dor nos olhos, dores musculares,
alterações de sono, pois são indicativos de problemas que podem estar
relacionados ao trabalho.
Outros sintomas
que podem ser indicativos, principalmente para os trabalhadores em home-office,
são a queda de produtividade, cansaço excessivo e alteração de humor. No
trabalho em casa, os pacientes-colaboradores perdem a referência de tempo
trabalhado e pausa, e a falta de interação social podem prejudicar também seu
rendimento.
Doutor, o que fazer?
Não se
desespere, com algumas dicas e alguns exercícios é possível minimizar os
problemas e até mesmo evitá-los.
Primeiramente,
se você está trabalhando em home-office ou mesmo em trabalhos em escritórios,
sem acompanhamento adequado, siga os passos abaixo:
1.
Faça pausas de 10 minutos a cada hora
trabalhada, além de arejar a mente, melhora a sua concentração na volta.
2.
Durante a
pausa, caminhe pelo seu local de trabalho, tome um café, mas não mexa em
aparelhos eletrônicos. Olhe para o horizonte, vai ajudar a relaxar seus olhos e
evitará dores de cabeça.
3.
Alongue o pescoço, puxando contra cada ombro,
contra o peito e para trás. Segurando por 5 segundos de cada lado. Ao final,
gire o pescoço para a direita e depois para a esquerda.
4.
Alongue os braços esticados, puxando as mãos
para cima e para trás e para baixo e para trás.
5.
Puxe os braços esticados, puxando o cotovelo
contra o peito.
6.
Dobre os braços, pegue o cotovelo e com a mão
tente pegar o meio das suas costas, puxando o cotovelo non sentido da sua
cabeça.
7.
Com as pernas esticadas, tente tocar o solo com
as mãos, sem dobrar as pernas e segure por 5 segundos. Se não conseguir, segure
no ponto mais distante que conseguir chegar.
8.
Com as pernas abertas na distância dos ombros,
rode o corpo, da cintura para cima para direita e para a esquerda, olhando para
trás. Segure por 5 segundos de cada lado.
9.
Em pé, apoie-se no batente de uma porta, dobre
sua perna e pegue a ponta do pé e puxe-a contra o seu bumbum. Segure por 5
segundos de cada lado.
10.
Ainda apoiado no batente da porta, apoie a ponta
do seu pé no batente o mais alto possível, mantendo o calcanhar no chão. Com a
perna esticada, leve seu corpo contra o batente da porta. Você sentirá puxar a
“batata da perna” (panturrilha). Segure por 5 segundos de cada lado.
Lembre-se!!!
Não há
necessidade de fazer todos os exercícios em cada intervalo, podem ser
distribuídos ao longo das pausas. MAS, quanto mais exercícios, menor o
risco de desenvolver algum problema muscular.
Sempre que precisar, consulte um
fisioterapeuta de sua confiança!!! Estamos aqui para ajudar.
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