Por
Dr. Marcio Rogério Renzo
O
câncer de mama é o tipo que mais vitimiza as mulheres, por isso o mês de
outubro é dedicado à campanha para divulgar informações sobre a prevenção e
cuidados. No Brasil, desde a sanção da Lei nº 13.733/2018 que instituiu o mês
de conscientização, devem ser desenvolvidas campanhas para a promoção de
eventos, palestras para a divulgação de conhecimento sobre o assunto.
Imagem: divulgação
Segundo
o INCA – Instituto Nacional de Câncer – estima-se que em 2022 cerca de 66.280
mulheres sejam atingidas por esta doença, o que corresponde a 29,7 % de todas
as neoplasias. Um último senso realizado em 2020, avaliou que ocorreram 17.285
óbitos relacionados à doença.
É
importante salientar que o câncer de mama não afeta apenas mulheres, cerca de
1% do total de casos é masculino. A cada 100 mulheres diagnosticadas com este
tipo de neoplasia 1 homem é afetado. Se acompanharmos os períodos de 2010 –
2014 e 2015 – 2019 houve um aumento de 0,02%, segundo o INCA.
A
fisioterapia é a área da saúde que acompanha o paciente desde o início do
tratamento até a alta definitiva. Agimos nas três fases da patologia, ou seja:
na prevenção, no pré-cirúrgico e no pós-cirúrgico.
Na
fase preventiva, o foco é na orientação, principalmente sobre os hábitos
saudáveis, que variam desde a orientação sobre os benefícios de uma dieta
saudável, a prática de exercícios físicos, orientação quanto aos fatores
estressores de nossa vida diária, diminuição e interrupção do uso do tabaco, a
redução ou abstenção de uso de bebidas alcoólicas. Uma das orientações de maior
importância sem dúvida é o desenvolvimento do hábito do autoexame mamário, não
com o intuito de diagnóstico, mas sim como autoconhecimento do corpo e, em caso
de alterações, procurar o atendimento ambulatorial mais próximo com a
finalidade de buscar um diagnóstico através de profissionais capacitados.
O
Ministério da Saúde orienta para que a faixa etária a ser submetida ao exame de
rastreamento com mamografia seja entre 50 e 69 anos, com intervalo de dois anos,
sendo contra indicada abaixo dessa faixa etária. Os riscos oferecidos pela
mamografia só superam os benefícios nessa faixa. Mulheres com menos de 50 anos
que se submetem ao exame podem apresentar as seguintes alterações: grande
número de falso-negativos e de falsos-positivos devido às características
anatômicas dessa faixa etária; identificação de cânceres indolentes (que não
ameaçariam a vida da mulher e acaba sendo tratado) o que coloca esta mulher na
condição de desenvolver danos relacionados e aos riscos do tratamento
radioativo e/ou quimioterápico. Além disso há a exposição desnecessária à
radiação.
É
importante que todos esses apontamentos sejam discutidos entre as pacientes e
seus médicos, a fim de que a paciente possa exercer seu direito à autonomia sobre
o tratamento e ajude seu médico na tomada de decisões.
O
tratamento cirúrgico para o câncer de mama depende do seu grau de gravidade,
podendo variar da extração de um nódulo ou até mesmo da retirada total da mama.
O procedimento cirúrgico pode afetar toda a cadeia de linfonodos próxima dessa
região, desta forma, o paciente poderá vir a apresentar linfedemas,
desconfortos respiratórios, perda ou diminuição da capacidade funcional do
membro superior do mesmo lado da mama retirada. Além dos fatores cirúrgicos, o
tratamento coadjuvante, como a radioterapia e a quimioterapia, pode comprometer
ainda mais esse processo.
A
fisioterapia participa do processo cirúrgico preparando a região a ser
submetida à cirurgia, promovendo o ganho de massa muscular, expansão torácica e
fortalecimento do membro superior do mesmo lado da mama a ser retirada, com a
finalidade de minimizar as perdas funcionais. Outra ação muito importante é que
com o processo cirúrgico na região, o paciente pode apresentar redução da
capacidade respiratória, causando desconforto ao paciente, desta forma, a
fisioterapia ajuda no aumento dessa capacidade, minimizando as perdas e as
possíveis complicações decorrentes.
O
pós-cirúrgico de mastectomia (processo de retirada da mama) podem provocar o
surgimento de linfedema na região do membro superior, redução ou perda da
mobilidade, dessensibilização da área, perda de força muscular, redução da
capacidade ventilatória. As técnicas fisioterápicas vão facilitar a recuperação
além de buscar restabelecer as funções normais dos membros afetados e também ajuda
na recuperação psicológica desse paciente.
Desta
forma, o fisioterapeuta lançará mãos de diversos tipos de exercícios de
alongamentos de membros superiores e região torácica, pompages, exercícios
passivos, ativos e resistidos para ganho de força muscular de membros
superiores, exercícios para aumento da capacidade ventilatória, mobilização
cicatricial com a finalidade de redução de aderências das fáscias e melhora da
formação cicatricial, além de outras terapias como laser, ultrassom, etc.
Outro
ponto a ser observado nos pacientes deste tipo de câncer é o psicológico. Os
efeitos do pós-cirúrgico em pacientes de câncer que sofreram mastectomia total
ou parcial, principalmente na mulher é a perda da identidade. A paciente
geralmente sente a perda da identidade feminina, como se ela deixasse de ser
mulher. Isso gera um impacto psicológico imenso, que se não acompanhado poderá
evoluir para casos de depressão e ansiedade que serão tão devastadores quanto o
próprio câncer.
O
acompanhamento psicológico do paciente se confunde com o tratamento físico da
doença, pois a intervenção em ambos precocemente é de suma importância para o
sucesso do tratamento. Ao perceber os primeiros sinais e sintomas um
profissional de saúde deve ser procurado.
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