Porque é importante considerar o congelamento de óvulos, como fez Khloé Kardashian
O procedimento teve uma alta durante a pandemia, mas é necessário discutir a preservação da fertilidade além das pressões do coronavírus
Elas não são ainda um grupo de risco da Covid-19, mas caso comecem uma gestação, irão se tornar um. Além disso, num momento tão conturbado, principalmente no Brasil, a reflexão sobre hospitais sobrecarregados e o custo em geral de todo o processo deve ser levada em conta.
Claro, no caso de Khloé Kardashian, que faz parte de uma das famílias mais ricas do mundo, dinheiro não é um problema. Com a maior parte da população americana já sendo vacinada neste primeiro trimestre, o coronavírus também acaba ficando de lado. Então por que ela decidiu congelar seus óvulos? A justificativa de Khloé para realizar o procedimento é que talvez ela não volte a ter outro relacionamento sério, depois de romper com o pai de sua filha True.
Isso abre uma discussão que vem se disseminando em território nacional por conta da pandemia, mas que também reflete o caminho de empoderamento que temos traçado como sociedade. As mulheres que desejam conceber dependem de seu relógio biológico, e ele apresenta uma janela fértil já indesejada pela maior parte da população feminina.
“O momento mais propício para a gravidez é dos 18 aos 35 anos,” comenta Dr. Fernando Prado, ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana. “Esse é um período que não mais é dedicado a constituir uma família, mas sim à evolução pessoal.”
Assim, muitas mulheres que pretendiam engravidar neste último ano, e se encontraram próximas aos 35 anos, se viram numa posição difícil. Após esta idade, os óvulos naturalmente perdem a sua qualidade e as chances de conceber naturalmente diminuem em até 50%.
Nesse caso o congelamento, ou vitrificação, pode ser uma opção. O procedimento consiste em estimular uma maior produção de óvulos, coletá-los antes que sejam expelidos pelos ovários e então os preservar. O especialista explica que eles podem ser mantidos neste estado por mais de 10 anos, o que abre, e muito, as opções de planejamento da paciente.
“Além da pauta do coronavírus, o congelamento é uma alternativa importante para as famílias não convencionais, como os casais LGBTQ+ e mulheres como Khloé, que não associam a maternidade à um parceiro,” complementa o obstetra.
Para Prado, mesmo que o assunto esteja em alta por conta pandemia, ele deve ser discutido não só sob a pressão do tempo, mas também como um modo de preservar a fertilidade, cabendo à mulher decidir a melhor hora de conceber, e não à sua fisiologia.
Fernando Prado - Médico ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana, doutor pelo Imperial College London e pela Universidade Federal de São Paulo, diretor técnico da Neo Vita e diretor do setor de embriologia do Labforlife.
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