Foto: divulgação
Por Dr. Marcio
Rogério Renzo
Março é o mês da mulher e no dia 8 é comemorado o “Dia Internacional da Mulher” e, por se tratar de um assunto cuja grande maioria afetada são as mulheres, resolvi descrever um pouco mais essas alterações do assoalho pélvico. Trata-se de uma estrutura complexa formada por vários músculos, estriados e liso, ligamentos e fáscias que formam dois compartimentos: o pélvico e o períneo. A função primordial dessa estrutura é sustentar e suspender os órgãos e estruturas como a bexiga, uretra, útero, próstata, etc. Desta forma, essas estruturas estão relacionadas diretamente com a continência urinária e fecal, além de participarem na função sexual.
Com o objetivo
de informar e tranquilizar aos leitores, pois apesar de ser um problema
recorrente, são todos tratáveis (cirurgicamente, farmacológica e fisioterápica).
Vamos conhecer um pouco mais?
Os problemas causados
pelo enfraquecimento das musculaturas que compõe o assoalho pélvico, tanto em
homens quanto em mulheres, interferem muito na qualidade de vida dos pacientes,
em sua forma física, mental e social. Os principais problemas relacionados são:
a perda de urina e fezes, a sensação de esvaziamento incompleto do reto, dores
na região externa dos órgãos genitais femininos e o extravasamento das estruturas
pélvicas para o meio externo, são exemplos.
De acordo com
a Sociedade Brasileira de Urologia, a incontinência urinária atinge cerca de
35% das mulheres com mais de 40 anos, após a menopausa e em 40% das gestantes.
Num plano geral, cerca de 5% da população entre homens e mulheres sofrem com
este mal. Estudos independentes, como o realizados pela Astellas Farma Brasil
apontaram que 50% dos homens e 70% das mulheres apresentaram eventos de
incontinência e em casos mais graves, o descolamento dos órgãos da região.
Em outro
estudo publicado no Jornal de Neurourologia e Urodinâmica (2017), mostrou dados
ainda mais expressivos em estudo realizado, onde o problema afeta 69% dos
homens e 82% das mulheres. Um outro ponto destacado é que 39% dos entrevistados
relataram que se consideravam “principalmente insatisfeitos”, “infelizes” ou
considerariam “terrível” continuar com a condição urinária como se encontravam
atualmente. Desta forma, pela expressividade dos resultados, devemos considerar
como um caso de saúde pública.
Como o
conhecimento dessa região do corpo influencia na sexualidade e na vida da
mulher e do casal?
As mulheres em
idade gestacional e em geral em decorrência da idade sofrem diretamente com as
alterações na região, devido às alterações hormonais têm a força e o tônus
muscular alterados. É comum surgirem problemas de incontinência urinária, seja
por esforço ou de urgência. A incontinência por esforço é
aquela quando a paciente efetua algum tipo de esforço físico, rir ou tossir e
há perda da urina. Já a incontinência de urgência refere-se a
vontade diária súbita de urinar, porém não consegue chegar ao banheiro. Há
também a incontinência mista que apresenta os dois quadros.
Outro problema
relatado é o surgimento de disfunções sexuais. Com a alteração do
tônus da musculatura podem surgir efeitos negativos na saúde sexual. As
alterações no tônus muscular causam desconfortos, dores, diminuição da libido e
do prazer. Portanto, é muito importante que a mulher ou o casal saiba conhecer e
reconhecer seu corpo, pois com a ajuda precoce outros problemas são evitados,
fortalecendo as relações interpessoais, além de evitar problemas psicossociais
que possam vir a minar a relação.
O
enfraquecimento muscular e a perda de tônus afetam apenas mulheres?
Não. Os homens
também são afetados por essa perda de tônus e força muscular, pois a
musculatura pélvica além de estar relacionada com o orgasmo vaginal na mulher,
também participa na ereção masculina. Temos que entender que, como toda
musculatura, ela sofre desgastes com o avançar da idade, por alguns tipos de
doenças e, no caso das mulheres, com a gravidez principalmente.
Algumas
doenças como a obesidade, hipertensão, diabetes e quadros de tosses constante podem
piorar ainda mais estes quadros. Outras intervenções que podem afetar a saúde
dessa região são: cirurgias ginecológicas e retirada da próstata.
Atividades
físicas como crossfit, exercícios anaeróbicos (como levantamento de pesos),
corridas e outros tipos de esporte de alta performance aumentam a pressão
abdominal, desta forma também podem causar problemas nessa região, caso ela não
esteja preparada e condicionada.
Mas como a fisioterapia
pode ajudar nessas disfunções?
Como vimos, a
saúde do assoalho pélvico, o conhecimento dessa região principalmente para as
mulheres, pode ajudar não somente na saúde física, mas evitar muitos problemas
de ordem psicológica e social.
A fisioterapia
intervém tanto na recuperação de problemas já instalados, como na prevenção
através de técnicas, exercícios direcionados e no trabalho de conscientização
corporal e mental.
A musculatura
pélvica circunda ânus, vagina e pênis, desta forma, ter uma consciência
corporal é essencial para se ter sucesso no tratamento. Não é mexer bumbum,
coxa e barriga que você atingirá o objetivo e a realização dos exercícios pode
ser feita no banho, no trabalho, em qualquer ambiente, uma vez que o paciente tenha
conhecimento e controle dos músculos da área.
Um dos
exercícios mais básico consiste em contrair e relaxar, fazendo com que o
assoalho suba e vá para dentro. Contraindo, sustentando por cinco a dez
segundos e relaxando. E não se preocupe, é imperceptível a olhos alheios.
Uma técnica
utilizada que também trabalha a região do assoalho com grande eficácia é o
“Pilates”, pois a combinação do trabalho da contração muscular da região, da
parede abdominal e diafragma respiratório proporciona uma percepção maior da
região pélvica e um aumento da força e tônus muscular.
Outros
exercícios utilizados são os chamados “Exercícios de Kegel”, indicados para,
além de tratar de incontinência fecal e urinária, para tratamento das
disfunções sexuais femininas e masculinas, como ejaculação precoce, problemas
de ereção e na dor e falta de prazer.
É importante
esclarecer que, a mulher tem maior tendência a desenvolver problemas nesta
região tendo em vista que, além da conformação anatômica diferenciada do homem,
a gravidez traz diversas alterações anatômicas, hormonais que tornam o assoalho
pélvico mais flexível e adaptável para o parto.
Quando o
problema está instalado, somente os exercícios podem não resolver, sendo
necessário ao fisioterapeuta lançar mão de técnicas mais invasivas como o
biofeedback, o cone vaginal e ginástica hipopressiva para reeducação e
estimulação mais localizada da região pélvica.
Como fortalecemos
essa musculatura? O que é Kegel?
Os “Exercícios
de Kegel” são exercícios direcionados a trabalhar a região do assoalho pélvico,
que tem por finalidade aumentar o tônus e a força muscular.
Os exercícios
devem ser realizados pelo menos 3 vezes ao dia, em séries de 10 repetições,
mantendo a contração por 5 a 10 segundos e após relaxando.
É muito
importante que o músculo pubococcígeo, o “PC” popularmente conhecido, seja
identificado. Para tanto, esvazie a bexiga antes de realizar os exercícios. Durante
a evacuação interrompa a urina e perceba a ação deste músculo (é ele que
interrompe a passagem da urina) para a realização. Volte a fazer a contração
após ter urinado para ter certeza qual músculo é e trabalhar ele de forma
isolada (não contrair outra musculatura). O ato de segurar a urina deve ser
feito somente esta vez para você conhecer o músculo. Não se deve segurar a
urina pois poderá desenvolver uma infecção urinária, ok?
Vamos aos
exercícios:
1)
Em um colchonete, deite-se. Abra as pernas até a
largura dos ombros, relaxe as nádegas e o abdômen, agora contraia a musculatura
do assoalho pélvico. O músculo pubococcígeo, lembra? A mulher - faça como se
quisesse sugar algo com a vagina, para cima e para dentro. O homem – contraia
os glúteos. Faça 10 repetições.
2)
Deite-se, com a barriga volta para cima e os
joelhos dobrados. Contraia os músculos da pelve, como no exercício anterior,
segure e eleve o corpo, mantendo os pés e braços no chão. Sustente por 5 a 10
segundos e após volte devagar e relaxe o corpo no chão. Faça 10 repetições.
3)
Apoie os joelhos e as palmas das mãos no chão
(fique em quatro apoios) inspire e eleve os arcos das costas e contraia os
músculos da pelve, segure por 5 a 10 segundos e após relaxe, mas não solte o
abdômen completamente. Faça 10 repetições.
4)
Sentada de pernas cruzadas, contraia os músculos
do assoalho pélvico, sustente de 5 a 10 segundo e solte lentamente. Faça 10
repetições.
5)
Sentada, estique as pernas. Contraia a
musculatura pélvica de 5 a 10 segundos, enquanto sustenta a contração rotacione
os pés, devagar. Faça 10 repetições.
6)
Agora em pé, apoie-se em uma cadeira ou móvel
firme. Equilibre o corpo e faça a contração dos músculos pélvicos sustente e
eleve os calcanhares, de 5 a 10 segundos e volte a posição inicial. Faça 10
repetições.
É muito
importante que esses exercícios sejam acompanhados por um profissional (fisioterapeuta)
e ao sentir algum desconforto o comunique imediatamente. Realizar esses
exercícios todos os dias, por 30 dias, você sentira a diferença e após 90 dias,
a diferença será gritante. Porém alguns casos podem necessitar de mais tempo e
intervenções mais específicas por parte do fisioterapeuta para que se alcance
os objetivos desejados.
O bem-estar
sexual, mental e físico só é atingido no equilíbrio dos três. Conheça seu
corpo! Não tenha vergonha e converse com os profissionais de saúde.
A
fisioterapia está aí para ajudar a compreender seu corpo e guia-lo para o
melhor entendimento e prevenção dos transtornos físicos, mentais e
psicossociais que as disfunções do assoalho pélvico pode causar. Consulte
seu fisioterapeuta!
Dúvidas???
Entre em contato através das minhas mídias sociais.
Instagram: @marcior.renzo
Facebook: @marciorogerio.renzo
@dr.marciorenzo
Email: marcior.renzo@gmail.com
Instagram: @joaocostaooficial
Postar um comentário